sábado, 31 de janeiro de 2015

Resenha: A revolução dos Bichos (George Orwell)

A decepção com o stalinismo ou com o autoritarismo ditatorial que desvirtuou os propósitos da Revolução soviética atingiu vários intelectuais europeus que foram comunistas ou simpatizantes do comunismo em meados do século 20. Foi exatamente essa decepção que levou o inglês George Orwell a escrever as duas obras que o colocariam na história da literatura universal: "1984" e "A Revolução dos Bichos".
Neste último o autor tematiza exatamente o fracasso da Revolução e a ascenção do stalinismo, recorrendo ao velho expediente das fábulas tradicionais, ou seja, utilizando-se de animais para representar os homens. O ponto de partida são as reflexões de um velho porco (que representa Karl Marx), o qual constata que os animais, apesar de superiores aos homens, são explorados por eles. Propõe, então, uma revolução que modifique esse estado das coisas.
O porco morre, mas outros porcos decidem levar seus ideais adiante, promovendo a revolução na fazenda onde vivem. Com o auxílio de outros animais, subjugam o dono da propriedade, que passam a administrar, teoricamente em benefício da coletividade animal. Porém, com o passar do tempo, os porcos vão se impondo aos outros bichos e assumem, na prática, o papel que era exercido pelos homens.
Na visão orwelliana do processo revolucionário, os porcos representam os bolchevistas e o desenvolvimento da trama vai mostrá-los assumindo o mesmo papel de domínio e exploração anteriormente exercido pelos homens, que se identificariam com a burguesia.
É impossível discordar do autor no que se refere ao chamado socialismo real. Em todos os lugares do mundo onde ele foi implantado ao longo da história, um partido - e via de regra o líder desse partido - tomaram o lugar da classe social que deveria comandar o processo revolucionário, substituindo a "ditadura do proletariado" proposta por Marx por uma ditadura do partido. Foi assim na União Soviética e em seus satélites do Leste Europeu, na China, no Camboja, em Cuba e na Coréia do Norte.
Dada a difusão das idéias socialistas em toda a América do Sul, a leitura de "A Revolução dos Bichos" continua atual e oportuna, ajudando o leitor a refletir sobre utopias e realidade, bem como a questionar a retórica da construção de uma sociedade mais justa e igualitária, em nome da qual "os fins justificam os meios".
Minha opinião:

Na primeira vista George Orwell não conseguiu fazer com que sua obra fosse impressa e distribuída, pois a Revolução havia começado e tudo era lido nas ''entrelinhas'' e interpretado como ''insulto'' aos líderes russos.É interessante como esta obra fez sucesso após a Revolução. A primeira imagem que nos trás é o porco mais velho, ou seja, um líder que está á beira da morte e reúne todos os outros animais para seu último Adeus. A fazenda passa a mudar de nome, os bichos fazem um trabalho braçal considerado ''humano'', constroem moinhos, plantam e colhem como se fossem humanos e, os porcos - considerados líderes da Revolução pelos partidos russos - lideram a fazenda e criam modos de ''dominar'' a política do celeiro. Uma grande revolulção feita pelos bichos que, colocam seu patrão ''bêbado'' e família para a rua''.
Traições atrás de traições e conflitos entre as granjas vizinhas e mortos. Os porcos caminham,comem e dormem como humanos viram-se contra os outros bichos e, o conflito vai terminar com uma ''vaca enxergando borrões'' e não sabendo quem é humano e quem são os porcos e embaralhando as semelhanças.